quarta-feira, 28 de março de 2012

Brincando de Ensaiar


Um refúgio entre árvores para voltar a ser crianças e tirar do baú da memória o gostinho (bem gostoso) de fazer danadice : balançar em galhos proibidos, contar mentiras verdadeiras, inventar histórias fantásticas e Rir RIR rir riR e se lembrar de que tudo é permitido. Eu e Carol (jovem atriz talentosa, que venho admirando cada vez mais no prazer da convivência) brincamos livremente naquela manhã de terça-feira, até que as buzinas dos carros lá fora nos tirassem do delírio de ser um RIO MENINO.
(e depois de tudo, pra completar a magia do dia, veio a chuva)

Relatos de Recy sobre o ensaio do dia 27/03/2012 no Parque do Trianon

Parque Trianon




















Experimentando o "Caboclo D'água"









Experimentando  o "Cabeça de  Cuia"










e enquanto ninguém olhava...







segunda-feira, 26 de março de 2012

O PARQUE-PROCESSO

Os encontros estão se realizando a ceu aberto, a flor aberta, a planta aberta, de peito aberto. Na distancia dos rios, visto que São Paulo aterrou cerca de 1.500 km de rios, encontramos nos parques da cidade um caminho de se relacionar com as bolhas são os parques. Chegar mais próximo do silêncio, do verde, do som dos pássaros, do cheiro da folha, da poesia desenhada em cada planta foi o meio encontrado de fazer a narrativa jorrar nos encontros. Nesse sentido, algumas parques da cidade tem servido de local de ensaio para estas histórias. No meio de patos, galinhas, guinés no PARQUE DA ÁGUA BRANCA, no canto dos pássaros misturados com o ruído dos carros do TRIANON e MÁRIO COVAS os encontros acontecem. Teias de aranha se tornam presentes ao olhar. O cheiro da folha atravessa a palavra. O sol toca a pele numa dança com o vento. E assim, segue a jornada deste rio, em meio a plantas, águas e bixos. E, nós, a brincar nos quintais de nossa memória.
Hoje, ensaiando no parque da água branca foram chegando pessoas, olhando, escutando as histórias, acompanhando de perto como os indios do xingu contaram como os rios nasceram através do Iamulumulu. E assim, vão se dando, de peito aberto, os encontros.
Carol se preparando para contar sua história.
Iati, como surgiu o Rio São Francisco.
Parque da Água Branca.


Visita a roda de leitura de textos.
Parque Trianon


Iati, os guerreiros seguiram para o norte.


Iati, os guerreiros.


Iati, o bambu verga, mas não quebra.
Parque da Água Branca.

Ialumulumulu, os espíritos seguem para a luta.

O RIO MENINO - a ideia

O RIO MENINO é um espetáculo de contação de histórias que tem como meio de intersecção poética das histórias escolhidas, o rio. Os rios brasileiros se tornaram um mapa afetivo no qual buscamos narrativas que emergiram das águas doces brasileiras.
A ideia de levantar histórias tendo o rio como meio de intersecção se deu através da experiência vivenciada pelo coletivo ESTOPÔ BALAIO, desde o ano passado, com os moradores do bairro do extremo leste paulista, o Jardim Romano. O bairro no ano de 2010 sofreu com aquela que seria a pior enchente dos últimos dez anos. Grande parte do bairro ficou submerso por águas que transbordaram do rio que corre perto e do descaso do poder público com a vida da população local. Dessa experiência com os moradores muitos desdobramentos tem se revelado. No caso, os mitos das águas doces brasileiras foram um caminho de encontrar os mistérios presentes nos rios brasileiros, no mundo fantástico que vive na imaginação das comunidades ribeirinhas, nos contos e causos populares que margeiam os rios do Norte, Nordeste e Sudeste, bem como, encontrar a memória infantil do Romano. As crianças do bairro relataram histórias fantásticas de peixes que foram pescados nas ruas, de cobras que apareceram em suas camas, de tetos de carro transformados em jangadas. A imaginação infantil quer dançar e na dureza da vida do Romano, as crianças extrairam da dor a experiência poética com as águas. Vem delas esta inspiração! É para elas que nossas águas correm.
Tiago, Larissa, Luana, Rafaela, Nícolas, Mateus, João Pedro, Carlos, Ícaro, Maycom, Maillom, Cícero, Carol, Licéia, Aprigio, Igor, Wilber, Natália, Bia, Laysa, Mariana, André, Lays, entre tantos e tantos que brincaram na dor e sorriem todos os dias.
Deles surgiu o encontro com o mito xingu da origem dos rios, Iamulumulu; a história da índia Iati que do seu pranto nasce o rio São Francisco, que dele brota as lendas do caboclo d´água e do cabeça de cuia; das águas doce do norte vem a lenda do peixe-boi e do cobra-norato. Uma imaginação que quer dançar, e está sapateando em nossos corpos e pedindo passagem através da narrativa.

Como extrair poesia desta experiência? Como mergulhar nessas águas? Qual a poesia do Jardim Romano? A experiência do encontro com o outro, com a comunidade e o compartilhamento da vida se tornaram o aprendizado maior desta empreitada de vida e arte.





domingo, 25 de março de 2012

Eu rio e ele lágrima.

Quantos rios do pranto se formou!
Só de pensar a tristeza que pelas águas percorre
O corpo se estremece de tanto que alguém sofre.
Ó mainha, dê aos peixes a alegria desmedida
E àqueles que à margem ficam, dê a vontade de mergulhar 
Nas águas barrentas que se encontram com o mar.



quarta-feira, 21 de março de 2012

Quando as matas, ainda que rodeadas de cimento, nos atravessam...

Galinhas, pombos, marrecos, gansos, pássaros imensos, mandalas de teias de aranhas, árvores com raízes aéreas e tanto mais de lindo... Eles têm sido parte dos nossos encontros. Escolhemos os parques para compreendermos juntos os rios que nos atravessam. Nada de salas fechadas, pretas, aqui nosso ensaio é rodeado de crianças passando, galinhas procurando alimento, pessoas caminhando, despachos, pássaros parando para bisbilhotar quem éramos nós. Ontem foi dia do peixe-boi, esse animal esquisito, nunca vi de perto e desconfio das imagens que me mostram dele, com esse nome ele há de ser um boi com nadadeiras ou um peixe ruminante; foi dia também de Iati, uma linda e doce índia que com suas lágrimas formou um rio que tem nome de santo e é lá que tem o Negro D'Água. Mas dele eu só posso falar depois... Ele não aparece tão fácil assim e quando aparece custa a sumir!

Que dos nossos sorrisos nasça um rio que desague no mar...